O lendário tenista de Wimbledon, Roger Taylor, esteve na lista de candidatos para suceder Sean Connery no papel de James Bond. Contudo, a oportunidade desfez-se quando a sua esposa se opôs a uma audição específica que envolvia fatos de banho.
Taylor, natural de Sheffield e com 83 anos, alcançou as meias-finais de Wimbledon por três vezes nos anos de 1967, 1970 e 1973. Era considerado o “azarão” favorito do público britânico no ténis, muito antes de Tim Henman.
Pela primeira vez, ele partilha detalhes sobre como foi convidado para uma sessão de casting para o filme de 1969, “007 – Ao Serviço de Sua Majestade”.
Sean Connery, que nos deixou em 2020 aos 90 anos, foi o ator que deu início à popular franquia de espionagem com “Dr. No” em 1962, mas decidiu abandonar o papel cinco anos depois.
Com a sua boa aparência, 1,83m de altura e o facto de ser esquerdino, a performance de Taylor na final do torneio Queen`s em 1967 chamou bastante a atenção de “Hollywood”.
Noel Berryman, então vice-presidente do Queen’s Club, recorda que a esposa do argumentista Richard Maybourne viu essa final e exclamou para o marido: “Ali está o teu novo James Bond!”.
Na sua nova autobiografia, intitulada “O Homem Que Salvou Wimbledon”, Taylor relata a experiência: “Assumi que isto era algum tipo de brincadeira.”
“Noel insistiu que estava a falar a sério e perguntou se eu estaria interessado em encontrar-me com alguns dos produtores nos escritórios deles em Park Lane para falar sobre o projeto”, contou.
“A minha esposa Frances começou a rir, dizendo que a coisa toda era ridícula.”
“Mas eu estava curioso para explorar as opções, apesar de nunca ter pisado um palco ou tido qualquer experiência em representação antes”, admitiu.
“Então, entre ganhar alguns jogos naquela primeira semana [de Wimbledon], eu praticava a olhar de forma ameaçadora para os espelhos, tentando capturar a essência de 007.”
“Chegou o domingo e fomos para a cidade.”
“Eu estava num estado de conflito: entusiasmado, nervoso e também preocupado por a minha atenção estar a ser desviada de Wimbledon. Chegámos e fui levado para uma sala cheia de homens”, descreveu.
“Dois desses `moguls` tinham enormes charutos e todos olharam para mim sem dizer uma palavra… nem uma palavra.”
“Eles continuaram a olhar, fazendo-me sentir incrivelmente constrangido! E foi isso.”
“Nem sequer tive a oportunidade de lhes dizer `Eu sou Bond, James Bond, sabia?` antes que a reunião terminasse e eu voltasse para Wimbledon”, concluiu sobre o primeiro encontro.
À medida que o torneio prosseguia, Berryman informou Taylor que o seu desempenho tinha sido suficiente para garantir um segundo teste nos Pinewood Studios — mas com um detalhe: “poderia trazer o meu fato de banho!”.
Taylor, que atualmente é casado com a sua segunda esposa, Alison, explicou: “Nesse ponto, a Frances ficou muito irritada. Ela é uma Batista Escocesa e claramente não tinha qualquer desejo de se tornar uma Bond girl.”
“Frequentemente perguntam-me quanto me arrependo de não ter aproveitado mais a oportunidade. Ainda me rio de algumas reportagens daquela época que se referiam a mim como o James Bond do ténis”, comentou Taylor.
Eventualmente, os produtores de Bond escolheram o modelo australiano George Lazenby para o papel.
Taylor, natural de Yorkshire e que lida com amiloidose incurável, acrescentou uma observação curiosa: “Passados alguns anos, estava na Califórnia, sentado num bar. Ao meu lado estava um tipo que parecia um homem acabado. Muito maltratado. Era o Lazenby!”
“Perguntei-me se talvez tivesse tido sorte em escapar afinal”, refletiu.
“Dito isto, cada vez que vejo um filme de Bond, há uma pequena parte de mim que se pergunta `E se?`. E eu de facto aperfeiçoei a frase `Bond, James Bond`, sabem”, concluiu Taylor com um toque de humor.
“O Homem Que Salvou Wimbledon” — a biografia oficial de Roger Taylor, publicada pela Pitch Publishing, custa £25 e estará disponível a 30 de junho.
